domingo, 22 de setembro de 2013

PSICOPATAS - MENTES PERVERSAS - QUEM SÃO ELES?

Assassinos cruéis e covardes – Caso Daniella Perez: 
GUILHERME DE PÁDUA e PAULA TOMÁZ.


Determinados crimes não podem cair no esquecimento, pois se lembramos deles, mudamos leis e clamamos por justiça. Determinados criminosos ainda que tenham saldado suas dívidas com a justiça e com a sociedade, nunca saldara a divida com a família da vitima. Dor, sofrimento, perda, saudade, lembranças boas e ruins, somente poderiam ser quitadas se possível fosse trazer de volta aquela vida tirada e isto é impossível, portanto o débito permanece aqui e lá em cima.

Não adianta o criminoso passar alguns anos na cadeia e achar que quitou todos seus débitos. Nunca será esquecido que ele roubou uma vida - O bem mais precioso do ser humano! O perdão do povo pelo seu crime cruel, pela sua covardia, ele não terá em vida e mesmo se vivesse mais 100 anos, ele ainda seria julgado e condenado pelas pessoas.

Guilherme de Pádua e Paula Tomáz, saíram da cadeia em 1999 , antes mesmo de cumprirem 07 anos de prisão e isto gerou muita indignação. Atualmente vivem suas vidas. Ele  tornou-se evangélico e casou-se novamente com uma mulher que também se chama Paula, também trabalha na área de tecnologia da informação da Igreja e em projetos de proteção a animais com a atual mulher. Não teve mais filhos e também não tem contato com o filho que teve com Paula.

Questionado por jornalistas sobre seus trabalhos na igreja ele respondeu: Vim mostrar para as pessoas como um cara tão desviado e tendente às coisas vazias tornou-se tão apaixonado por Jesus Cristo. E afirmou que “sempre ora pela vida de Glória Perez. Que cínico! Rouba a vida da filha e depois diz que ora pela mãe.

Guilherme só esta disfarçando sua verdadeira natureza atrás da vestimenta de bom cristão, enfiado em uma igreja evangélica. Mas toda oportunidade que se apresente para se mostrar na imprensa, lá esta o ator medíocre e assassino  representando sua farsa! Agora no papel de bom samaritano.

Paula mudou de nome e se casou com um advogado Sérgio Ricardo Rodrigues Peixoto, com quem tem dois filhos, tendo seu atual marido adotado o filho que teve com Guilherme. Moram em um apartamento de luxo localizado a duas quadras da praia de Copacabana e a quatro quarteirões da praia de Ipanema. Frequenta um salão de beleza caro em Copacabana onde e corta os cabelos e faz as unhas. Para cuidar dos dois filhos ela conta com a ajuda de uma babá.

Ela foi tão covarde que não aguentou o fardo de carregar seu nome sujo e imundo de assassina e resolveu mudar seu nome para Paula Nogueira Peixoto. Mesmo vivendo com todos os luxos e privilégios de uma moradora da Zona Sul do Rio de Janeiro, tornou-se hábito fugir dos olhares das pessoas que possam lembrarem de seu passado criminoso. 

O medo de ser reconhecida faz sentido, pois estava ela na areia da praia com o pai, pessoas que estavam perto e a reconheceram imediatamente juntaram seus pertences e se afastaram. Paula não trabalha e chegou a ingressar, em 2000, no curso de direito da Faculdade Cândido Mendes, em Ipanema, porém hostilizada pelos colegas, trancou a matrícula após um ano de estudos. A festa de aniversário de um dos filhos ficou praticamente vazia e até os garçons que a reconheceram se recusaram a servi-la.


Guilherme e Paula merecem a aversão das pessoas, assassinaram covarde e cruelmente Daniella Ferrante Perez Gazolla, atriz e bailarina que galgaria em pouco tempo o posto de namoradinha do Brasil, contudo roubaram sua juventude e seu futuro por inveja e maldade de Guilherme e de sua esposa Paula grávida de 04 meses.

Guilherme um ator medíocre, em busca do estrelato, junto com a mulher, Paula Thomaz, trama o assassinato de Daniella.  E para selar o pacto criminoso, fazem uma tatuagem nos órgãos genitais, onde um escreve o nome do outro.  "Ambição, egocentrismo, megalomania, sede de poder e sucesso". 

O país inteiro, ficou chocado e revoltado, acompanhou passo a passo a tragédia do assassinato da jovem e talentosa atriz, adorada por uma legião de fãs.  O crime que teve repercussões mundiais e dificilmente será apagado da memória do público brasileiro”.

Na noite do dia 28 de dezembro de 1992, Daniella Perez, de 22 anos, foi brutalmente assassinada a poucos quilômetros do estúdio Globo Tyccon, num matagal na Barra da Tijuca, Zona Oeste do Rio de Janeiro. Segundo a perícia, ela foi morta com 16 golpes de um instrumento "perfuro-cortante" (punhal), desferidos no pescoço e no tórax, perfurando a traqueia, o pulmão e o coração. Um violento soco na face direita, de acordo com os laudos periciais, aplicado minutos antes da morte. 

Nenhuma lesão de defesa, nenhuma gota de sangue no local e nem no corpo, ainda que a causa mortis tenha sido e segundo o IML, anemia aguda, que se caracteriza por intensa perda de sangue. Das doze escoriações oito atingiram o coração e isso evidenciaria a vontade de levar a vítima ao óbito.


O crime ocorreu pouco depois da gravação da novela De Corpo e Alma, de autoria de Gloria Perez (mãe de Daniella), exibida pela Rede Globo. Na trama, Daniella interpretava a doce e romântica bailarina Yasmin, namorada do motorista ciumento e machão Bira, interpretado por Guilherme de Pádua Thomaz, de 23 anos. Algumas horas após gravar sua última cena, o corpo da atriz foi encontrado, pois moradores de um condomínio próximo, ao avistarem dois carros parados em local suspeito, acionaram a polícia.

Um dos moradores teve o cuidado de anotar as placas dos carros, o que levou a polícia, na manhã do dia seguinte, a bater na porta do principal suspeito. Tratava-se do próprio Guilherme de Pádua, um assassino frio e calculista, capaz de ir "prestar solidariedade" na delegacia à Gloria Perez e ao ator Raul Gazolla, marido de Daniella, antes de ser descoberto.

            Raul Gazolla - com uma rosa nas mãos na missa de 15 anos de morte de Daniella.

O delegado que conduziu as investigações, disse que Guilherme ao dar seu depoimento negou a autoria do crime, mas devido às provas evidenciais acabou confessando que matou Daniella. O delegado também afirmou que durante todo o interrogatório Guilherme estava calmo, tranquilo e relatou o assassinato sem esboçar reação alguma. Uma alma gélida.

Na delegacia, Guilherme insinuou que sua esposa Paula de Almeida Thomaz, de 19 anos, era cúmplice do crime. Ambos foram presos e aguardaram o julgamento. O casal se divorciou ainda na prisão após a mudança da versão de Guilherme para o crime, ao dizer que Paula também participou.

De acordo com os policiais, Paula reconheceu que participou da barbárie apenas informalmente: seus advogados não permitiram que ela assinasse a confissão. Depois disso, Paula jamais admitiu ter matado Daniella, nem sequer ter estado no local, alegando que esteve  por   sete horas passeando pelos corredores de um shopping center na Barra da Tijuca. No entanto, durante essas longas horas, Paula não comprou nada e também não foi vista por ninguém.

Durante o processo, circularam várias versões que tentavam explicar o motivo da morte de Daniella. Muitas delas fantasiosas e totalmente absurdas, que, além de denegrirem a imagem da atriz, acabaram por confundir o grande público e suscitar a imaginação de muitos.

O julgamento se tornou um jogo de interesses, a imprensa começou propagar fatos fantasiosos para criar a ideia de crime passional, pois isso diminuiria as penas. A tática foi desmoralizar a figura de Daniela, tais inverdades trouxeram mais dor para a mãe de Daniella e revolta para o marido Raul Gazolla.

Isso ocorreu principalmente porque depois da sua confissão, Guilherme conseguiu na justiça o direito de só voltar a ser interrogado em juízo. Assim, durante cinco anos, ele disse o que quis e da forma que lhe foi mais conveniente, com o claro intuito de desviar o foco das verdadeiras motivações do crime.

Guilherme se limitava a dar versões sem cabimento dizendo que matou Daniella porque ela o assediava de todas as formas possíveis, e estava ameaçando destruí-lo profissionalmente.

O criminoso tinha como propósito convencer a todos que o crime ocorreu "sob violenta emoção", configurando-se num crime passional. Para a defesa, essa estratégia baseada em história inverossímil faria com que a pena fosse atenuada e, logo depois do julgamento, Guilherme estaria em liberdade. A pretensão, porém, não resistiu à verdade dos fatos.

Daniella nunca assediou Guilherme de Pádua, conforme queria ele convencer a todos. Atores e funcionários da TV Globo disseram que era ele quem assediava Daniella. Ele a procurava constante e insistentemente para se queixar dos seus problemas, fazendo-se de vítima, a ponto de se tornar uma pessoa totalmente inconveniente. Na noite do crime, Guilherme também foi visto por várias vezes "cercando" a atriz, batendo na porta do camarim feminino, entregando-lhe bilhetes.


Guilherme, todavia insistiu em declarar que Daniella usando de artifícios, teria levado-o para um sinistro matagal, onde tentou beijá-lo à força. Diante da recusa em beijá-la, ela bateu nele de modo tão violento que, assustado, ele se defendeu usando a tesoura que casualmente encontrou no carro.

Esperto Guilherme alegou que a arma usada foi uma tesoura que estava dentro do carro, pois sua mulher costumava beber muito leite e usava para cortar as caixinhas. Curioso é que ninguém tinha noticias de que Paula fosse uma viciada em leite. Contudo, mencionaram a tesoura como a arma usada para descaracterizar a premeditação do crime.

Em um momento posterior, Guilherme  deu outra explicação para os golpes que vitimaram a atriz: alegou que para se defender do ataque de Daniella, aplicou-lhe uma "gravata", vendo-a esfalecida e acreditando que poderia morrer, ele teria tentado salvá-la fazendo uma traqueostomia com uma tesoura.

Na última versão, Paula aparece como única responsável pelo crime. Segundo Guilherme  ele articulou o encontro, para provar a Paula que não tinha nenhum envolvimento com Daniella. Guilherme permitiu que Paula ficasse escondida no banco de trás do seu automóvel para ouvir a conversa dos dois, sem que Daniella tivesse conhecimento disso.

Durante a conversa, Paula, enfurecida de ciúmes, saiu do carro e atacou Daniella, tentando atingi-la primeiro com uma chave de fenda e, não conseguindo perfurá-la com esse instrumento, usou a tesoura, porém provado ficou que o crime foi premeditado e que Paula e Guilherme saíram de casa armados com um punhal com o firme propósito de matar a jovem atriz. Ao contracenar com Daniella naquela noite, Guilherme já sabia que iria matá-la, quando, onde e como iria fazê-lo.


Porém a verdade dos fatos comprovada em Juízo é que Daniella foi vítima de uma emboscada, conduzida à força, depois de espancada e desacordada, ao matagal onde encontraram seu corpo.

No dia do assassinato, Guilherme usou o carro de seu sogro, adulterou com perfeição a placa do veículo, transformando a letra "L" em "O". Ele saiu dos estúdios de gravação da Globo dirigindo o Santana e com Paula escondida sob um lençol no banco traseiro.

Guilherme parou logo em seguida no acostamento do posto de gasolina Alvorada, que ficava cerca de 300 metros dali. Ele esperou o momento certo de agir. Entre 21 h e 21h30, Daniella, que também havia deixado os estúdios da Globo, entrou no mesmo posto para abastecer seu carro sem ter a mínima noção de que seus assassinos estavam  próximos.

Na saída do posto, Daniella recebeu uma "fechada" de Guilherme e os dois saíram de seus carros. Guilherme, então, desferiu um soco violento no rosto da atriz, aplicou-lhe uma "gravata" e a jogou para dentro do seu carro. Nesse momento, Paula saiu do banco de trás do Santana e assumiu a direção do carro. Guilherme, dirigindo o Escort de Daniella seguiu Paula até o local onde cometeram o assassinato  da forma mais cruel possível.


Segundo a perícia, das 16 perfurações encontradas no corpo de Daniella, quatro foram na região da garganta e 12 no tórax; oito delas estavam concentradas na área do coração:

"Havia uma intenção visível de se atingir um órgão nobre. Não há nem como argüir de que seria uma coisa impensada: foi intencional. E também ninguém adultera uma placa de um automóvel num crime passional. A placa de um automóvel só é adulterada para uma prática ilícita ... É um crime indubitavelmente premeditado, praticado de uma forma brutal". - Esclareceu Talvane de Moraes, médica  legista, do departamento de Polícia Técnica do Rio de Janeiro.

O casal ainda passou num posto para lavar as manchas de sangue que ficaram no interior do carro e depois foram para casa dormir. Tudo foi planejado e arquitetado, nos mínimos e mais sórdidos detalhes. Guilherme alegou que matou Daniella porque ela o assediava, nenhuma inverdade em sua alegação que apenas causou revolta.

De acordo com a Dra. Ana Beatriz,  a qual menciona os criminosos em seu livro: “Mentes Perigosas – O psicopata Mora ao lado”,  a verdadeira motivação do crime está clara ao quando se analisa a personalidade e o comportamento do assassino".

Guilherme de Pádua é uma pessoa arrogante, descontrolada, agressiva, de convívio difícil, ambiciosa, vaidosa, exibicionista, que não se conformava em fazer papéis secundários. Assim foi definido por seus próprios colegas de profissão.

Ele, que até então não passava de um ator medíocre, e que mal saía do anonimato ao atuar numa novela de grande audiência, já se sentia um "ser superior". Estava, ali, a grande chance de saltar para o universo da fama, do sucesso e do poder, tão almejado. Antes, porém, seu personagem Bira dependia de um roteiro que não estava previsto: passar de simples coadjuvante a protagonista.

O ambicioso projeto de ascensão profissional de Guilherme, ser o astro principal da novela das oito da Rede Globo, fracassou. Ele mesmo chegou a declarar à imprensa e em depoimento à justiça que, na semana do crime, pela primeira vez, desde o início da novela De Corpo e Alma, ao receber o bloco de cenas, verificou que seu personagem estaria ausente em dois capítulos. Isso lhe provocou muita tensão, e de forma insistente e assediadora, procurou Daniella para saber por que seu papel estava se esvaziando.

Afinal, como ele mesmo declarou em juízo e a jornalistas, numa demonstração explícita de manipulação, que havia procurado se tornar amigo de Daniella por interesse: "Até porque ela era filha da autora da novela, até no enredo ela ajudava".

No decorrer da novela, Guilherme usou de todos os recursos manipulatórios possíveis para persuadir Daniella a influenciar Gloria Perez a reescrever o seu enredo. Não conseguiu e, numa reação de ira frente à frustração, premeditou, planejou e executou de forma maquiavélica o assassinato da atriz.

Na realidade, a tendência natural de todos é sempre buscar explicações lógicas que justifiquem um ato tão cruel. No entanto, para pessoas com mentes perversas, qualquer motivo é motivo.

Luiz Alberto Py, psicanalista, afirmou que “Guilherme não tem a consciência que a maioria humana possui ou seja  a consciência do direito dos outros, a consciência do direito básico de  existir. Uma pessoa com esse tipo de mente, com esse tipo de formação mental é um "monstro", não é um ser humano normal e tem que estar isolado da sociedade mesmo! É um "monstro" moral (...) não funciona como as outras pessoas funcionam. Parece que é gente, mas não é gente. A mente funciona de uma maneira completamente torta. As razões, os porquês (do assassinato), esse tipo de porquê é completamente aleatório (...) Não é um tipo de crime que tenha uma explicação dentro da lógica natural do ser humano. “

Talvane de Moraes, psiquiatra esclareceu que: “ Não teve dúvidas de que o assassino sabia exatamente o que estava fazendo. Portanto, não haveria nenhuma possibilidade de Guilherme ser um doente mental. Além disso, o fato de não ser ele  uma pessoa desconhecida da  vítima, mas sim um companheiro de trabalho, implica que ele estava se utilizando da confiança da vítima, o que agrava a característica monstruosa da personalidade de Guilherme.”

Durante todo o julgamento Guilherme se portou de forma irônica e cinica.  Interompeu o próprio julgamento  para corrigir e até chamar a atenção do juiz .

Familiares e amigos da atriz se chocaram com a postura do réu durante seu depoimento. Utilizando-se de "representações" teatrais, Guilherme chegou a mudar o tom de voz para "interpretar" as vozes de Daniella e Paula, Todos os presentes ficaram em silêncio, estarrecidos quando ele "imitou" como Daniella teria caído ao ser vitimada.

Frio, sensacionalista, narcisista não demonstrou arrependimento algum. Foi absolutamente debochado e petulante com o juiz. Pelo menos durante o julgamento ele foi excelente ator. Convém destacar traço marcante da personalidade de Guilherme: indiferença, frieza e cinismo.

Guilherme é tão frio que chegou ao cúmulo de fazer a seguinte declaração: “O seio esquerdo de Daniella ficou desnudo. Aquilo me chocou. Cobri o seio, ajeitei os braços que estavam para cima, para que não ficasse tão feia. Eu sabia que ela seria fotografada depois”.

Guilherme foi julgado em janeiro/1997 e condenado pelo júri popular a 19 anos de prisão por homicídio duplamente qualificado: Inciso I, motivo torpe, e Inciso IV, sem chances de defesa da vítima.

O juiz  em sua sentença grifou: “A conduta do réu exteriorizou uma personalidade violenta, perversa e covarde quando destruiu a vida de uma pessoa indefesa, sem nenhuma chance de escapar ao ataque de seu algoz, pois além de desvantagem na força física o fato se desenrolou em local onde jamais se ouvia o grito desesperador e agonizante da vítima.

Demonstrou o réu ser uma pessoa inadaptada ao convívio social por não vicejarem no seu espírito os sentimentos de amizade, generosidade e solidariedade, colocando acima de qualquer outro valor a sua ambição pessoal.

O juiz observou ainda que Guilherme só não foi condenado a mais tempo porque tratava-se de um réu primário. O veredicto, acompanhado por centenas de pessoas, foi aplaudido de pé. E Quatro meses depois, Paula foi condenada a 18 anos e seis meses.

Guilherme em momento algum demonstrou qualquer sentimento de arrependimento, de culpa ou de consideração para com a vítima ou por alguém de sua família. Ao contrário, ele aproveitou de todos os espaços obtidos na imprensa para se enaltecer, num gesto explícito de exibicionismo e vaidade.

Vale aqui ressaltar que o primeiro estudo sobre psicopatas só foi publicado em 1941, com o livro The Mask ofSanity (A Máscara da Sanidade), de autoria do psiquiatra americano Hervey Cleckley, que afirmou que "psicopatas apresentam um charme acima da média, uma capacidade de convencimento muito alta e ausência de remorso ou arrependimento em relação às suas atitudes".

Depois da morte de sua filha, a escritora Gloria Perez iniciou um movimento para mudar o Código Penal Brasileiro. Ela colheu mais de um milhão de assinaturas, para incluir o homicídio qualificado na lista dos crimes hediondos.

Por ser o assassinato de Daniella anterior a promulgação da nova lei, Guilherme e Paula foram beneficiados pela lei anterior e cumpriram apenas 1/3 da pena em regime fechado. Se a lei nova tivesse alcançado-os,  teriam que cumprir a pena integralmente em regime fechado e não apenas 1/3 da pena.


Podemos perceber que em todos os assassinatos cruéis os criminosos tem algo em comum no que tange a personalidade, o comportamento, as mentiras, cinismo, falta de remorso e indiferença pela vida dos outros.

MENTES PERIGOSAS – O Psicopata Mora ao lado

Protegendo outro lado: O NOSSO!



Vivemos em um momento em que não temos respostas para crimes tão cruéis  tão medonhos e nós questionamos por que assassinar cruelmente Daniella Perez, Isabela Nardoni, Marília Rodrigues Martins e tantas vítimas de assassinatos brutais e incompreensíveis. Como caracterizar estes assassinos? Loucos? Doentes? Não! - Apenas psicopatas.

Em 2008, a Dra. Ana Beatriz Barbosa Silva, médica especializada em psiquiatria, pela UFRJ, lançou seu livro: “Mentes perigosas – O Psicopata Mora ao Lado” motivada pelo momento de grande violência humana e crimes violentos, por nós incompreensíveis, teve a médica a boa ideia de escrever o livro.

De lá para cá, as primeiras páginas dos jornais de todo o mundo trazem noticias de crimes que sequer passa pela nossa mente, que possam ter sido cometidos por seres humanos. Nós recusamos acreditar que uma pessoa humana seja capaz de ato tão covarde e brutal contra a vida. Não compreendemos, questionamos e muitas vezes nos trancamos amedrontados em nossos quartos, pois tememos o vizinho que mora ao lado.
A médica-psiquiatra em sua obra busca s traçar um perfil para o Psicopata, bem como  faz um alerta, sobre como reconhecer um psicopata e sobre a ação destruidora de tais indivíduos.

Curioso é que a Dra. Ana Beatriz, como introdução do livro traz a fábula do sapo e do escorpião, que segundo a conhecida fábula:


O escorpião aproximou-se do sapo que estava à beira do rio. Como não sabia nadar, pediu uma carona para chegar à outra margem. Desconfiado, o sapo respondeu: - Ora, escorpião, só se eu fosse tolo demais! Você é traiçoeiro, vai me picar, soltar o seu veneno e eu vou morrer.

Mesmo assim o escorpião insistiu, com o argumento lógico de que se picasse o sapo ambos morreriam. Com promessas de que poderia ficar tranquilo, o sapo cedeu, acomodou o escorpião em suas costas e começou a nadar.

Ao fim da travessia, o escorpião cravou o seu ferrão mortal no sapo e saltou ileso em terra firme. Atingido pelo veneno e já começando a afundar, o sapo desesperado quis saber o porquê de tamanha crueldade. E o escorpião respondeu friamente:
 — Porque essa é a minha natureza!
Sim a natureza de alguns psicopatas é CRUELDADE com que trata suas vítimas. O psicopata tal como o escorpião é um bicho medonho e é da sua natureza ser “uma criatura do mal”.
Segundo a Dra. Ana Beatriz quando se trata de imaginar como é a aparência de um psicopata vem à nossa mente a imagem de um sujeito com cara de mau, truculento, de aparência descuidada, pinta de assassino e desvios comportamentais tão óbvios que qualquer um seria capaz de reconhecê-lo, sem duvidar que aquele sujeito seja realmente um psicopata, um assassino cruel. - Eis aí o grande erro, o equívoco de quase todos.
Reconhecer um psicopata, segundo a psiquiatra não é tarefa fácil, pois psicopatas enganam e representam muitíssimo bem! Seus talentos teatrais e seu poder de convencimento são tão impressionantes que chegam a usar as pessoas com a única intenção de atingir seus sórdidos objetivos. Tudo isso sem qualquer aviso prévio, em grande estilo, doa a quem doer.
Mentir, trapacear e manipular, são talentos inatos dos psicopatas. Com uma imaginação fértil e focada sempre em si mesmos, os psicopatas também apresentam uma surpreendente indiferença à possibilidade de serem descobertos em suas farsas.

Se forem flagrados mentindo, raramente ficam envergonhados, constrangidos ou perplexos; apenas mudam de assunto ou tentam refazer a história inventada para que ela pareça mais verossímil.
É importante ressaltar que o termo psicopata pode dar a falsa impressão de que se trata de indivíduos loucos ou doentes mentais. Quando na realidade não são, nem doentes e nem loucos, porém indivíduos cruel, alguns matam por prazer.
Mas quem são essas criaturas tão nocivas? São pessoas frias, insensíveis, manipuladoras, perversas, transgressoras de regras sociais, impiedosas, imorais, sem consciência e desprovidas de sentimento de compaixão, culpa ou remorso. Esses “predadores sociais” com aparência humana estão por aí, misturados conosco, incógnitos, infiltrados em todos os setores sociais. São homens, mulheres, de qualquer raça, credo ou nível social. Trabalham, estudam, fazem carreiras, se casam, têm filhos, mas definitivamente não são como a maioria das pessoas: aquelas a quem chamaríamos de “pessoas do bem”.
Eles são indiferentes aos direitos e sofrimentos de seus familiares e de estranhos do mesmo modo. Caso demonstrem possuir laços mais estreitos com alguns membros de sua família (esposa, filhos), certamente é pelo sentimento de possessividade e não pelo amor genuíno.

Psicopatas são incapazes de amar, eles não possuem a consciência genuína que caracteriza a espécie humana. Os psicopatas gostam de possuir coisas e pessoas, logo, é com esse sentimento de posse que eles se relacionam com o mundo e com as pessoas.

Em razão dessa incapacidade em considerar os sentimentos alheios, os psicopatas mais graves são capazes de cometer atos que, aos olhos de qualquer ser humano comum, não só seriam considerados horripilantes, mas também inimagináveis.
Esses psicopatas graves são capazes de torturar e mutilar suas vítimas com a mesma sensação de quem fatia um suculento filé-mignon.

Muitas vezes, os psicopatas querem convencer as pessoas de que são capazes de vivenciar fortes emoções, porém eles sequer sabem diferenciar as nuances existentes entre elas. Confundem amor com pura excitação sexual, tristeza com frustração e raiva com irritabilidade.

Muitos psiquiatras afirmam que as emoções dos psicopatas são tão superficiais que podem ser consideradas algo bem similar ao que denominam de "proto-emoções" (respostas primitivas às necessidades imediatas).
Em geral são indivíduos frios, calculistas, inescrupulosos, dissimulados, mentirosos, sedutores e que visam apenas o próprio benefício. Eles são incapazes de estabelecer vínculos afetivos ou de se colocar no lugar do outro. São desprovidos de culpa ou remorso e, muitas vezes, revelam-se agressivos e violentos.

Em maior ou menor nível de gravidade e com formas diferentes de manifestarem os seus atos transgressores, os psicopatas são verdadeiros "predadores sociais", em cujas veias e artérias corre um sangue gélido.
Como animais predadores, vampiros ou parasitas humanos, esses indivíduos sempre sugam suas presas até o limite improvável de uso e abuso. Na matemática desprezível dos psicopatas, só existe o acréscimo unilateral e predatório, e somente eles são os beneficiados.

Os psicopatas são indivíduos que podem ser encontrados em qualquer raça, cultura, sociedade, credo, sexualidade, ou nível financeiro. Estão infiltrados em todos os meios sociais e profissionais, camuflados de executivos bem-sucedidos, líderes religiosos, trabalhadores, "pais e mães de família", políticos etc. Certamente, cada um de nós conhece ou conhecera algumas dessas pessoas durante a sua existência.
Em casos extremos, os psicopatas matam a sangue-frio, com requintes de crueldade, sem medo e sem arrependimento. Porém, o que a sociedade desconhece é que os psicopatas, em sua grande maioria, não são assassinos e vivem como se fossem pessoas comuns, contudo podem arruinar empresas, famílias, provocar intrigas, destruir sonhos, mas não matam. E, exatamente por isso, permanecem por muito tempo ou até uma vida inteira sem serem descobertos ou diagnosticados. Por serem charmosos, eloquentes, "inteligentes", envolventes e sedutores, não costumam levantar a menor suspeita de quem realmente são. Podemos encontrá-los disfarçados de religiosos, bons políticos, bons amantes, bons amigos.

Visam apenas o benefício próprio, almejam o poder e o status, engordam ilicitamente suas contas bancárias, são mentirosos contumazes, parasitas, chefes tiranos, pedófilos, líderes natos da maldade.
É difícil admitir que estes indivíduos existam em nossa sociedade, pois estamos também admitindo que o “mal" habita entre nós, lado a lado, cara a cara. Mas realidade é contundente e cruel, pois a maioria destes indivíduos convive diariamente com todos nós. Transitam tranquilamente pelas ruas, cruzam nossos caminhos, frequentam as mesmas festas, dividem o mesmo teto, dormem na mesma cama.

Os psicopatas possuem três níveis variados de gravidade: leve, moderado e severo. Qualquer que seja o grau de gravidade, todos, invariavelmente, deixam marcas de destruição por onde passam, sem piedade.
No nível leve e moderado: estão aqueles indivíduos e dedicam a trapacear, aplicar golpes e pequenos roubos, mas provavelmente não "sujarão as mãos de sangue" ou matarão suas vítimas.
Já aqueles que se encontram no nível severo botam verdadeiramente a "mão na massa", com métodos cruéis sofisticados, e sentem um enorme prazer com seus atos brutais. Suas vítimas prediletas são as pessoas mais sensíveis, mais puras de alma e de coração.

Os crimes cometidos por esses indivíduos deixam todos perplexos que a tendência inicial é buscar explicações que sejam no mínimo razoáveis: "Ele parecia tão bom, o que será que aconteceu?". "Será que ele não regula muito bem, estava drogado ou perturbado?", "Será que foi maltratado na infância?". E, mergulhados em tantas perguntas, muitos incorrem no erro de justificar e até entender as ações criminosas dos psicopatas.

Todavia, os psicopatas são racionais, possuindo inclusive, um raciocínio perfeito e sabem perfeitamente o que estão fazendo, porém no que tange aos sentimentos, são absolutamente deficitários, pobres, ausentes de afeto e de profundidade emocional. Segundo pesquisadores e médicos os psicopatas entendem a letra de uma canção, mas são incapazes de compreender a melodia. Pois Música é emoção, sentida com a alma.

Os psicopatas não possuem razão e sensibilidade e estas duas qualidade é que dão sentido a chamada consciência – Estas vis criaturas não possuem consciência moral e nem outra qualquer.

Dizem que a vida imita a arte e vice-versa, mas no fundo é a arte é que imita a vida. Vejamos os diversos filmes em que os personagens principais ou secundários dão vida, voz e ação aos diversos tipos de psicopatas, sejam eles golpistas ou estelionatários, grandes empresários ou políticos inescrupulosos, ou ainda os assassinos cruéis e impiedosos que agem de forma repetitiva e sistemática (os ditos serial killers).


Nas telas dos cinemas os psicopatas sempre estiveram presentes entre seus grandes personagens, por exemplo, os filmes sobre vampiros, que segundo a Dra. Ana Beatriz “são os que sempre tiveram os psicopatas como os grandes astros em cena. Assim como os vampiros da ficção, os psicopatas estão sempre de tocaia. Nesse exato instante eles estão agindo por aí: nas ruas, em plena luz do sol, procurando suas "presas", às mesas de seus escritórios envolvidos em negociações escusas ou mesmo sob o teto acolhedor de um lar que em instantes será devastado”.

Eles estão por toda parte, perfeitamente disfarçados de gente comum, e assim que suas necessidades internas, de prazer, luxúria, poder e controle se manifestar, eles se revelarão como realmente são: feras predadoras.
Os psicopatas são os vampiros da vida real, não que eles queiram exatamente sugar  sangue. Eles buscam sugar mais que sangue – em princípio sugam a energia emocional de suas vítimas e depois, não se sabe o que pode acontecer.

São autênticas criaturas das trevas. Possuem um extraordinário poder de importunar e de n hipnotizar com o objetivo maquiavélico de anestesiar nosso poder de julgamento e nossa racionalidade. Com histórias imaginárias e falsas promessas nos fazem sucumbir ao seu jogo e, totalmente entregues à sorte, perdemos nossos bens materiais ou somos dominados mental e psicologicamente.

O psicopata em princípio, aparenta ser melhores que as pessoas comuns. Mostram-se tão inteligentes, talentosos e até encantadores. Ganham a confiança e simpatia de suas vítimas que acabam esperando mais deles do que das outras pessoas e no fim suas vítimas não recebe nada positivo, apenas amargam os sérios prejuízos em diversos setores de suas vidas.

Culpar as vítimas é um imenso erro, pois elas sem se dar conta, acaba por convidar o psicopata para entrar em sua vida e quase sempre só percebe o erro e o tamanho do engodo quando ele desaparece inesperadamente, deixando sua vítima exausta, doente , com uma enorme dor de cabeça, a carteira vazia, o coração destroçado e, nos piores casos, vidas perdidas.

Para os psicopatas, essa sucessão de fatos irresponsáveis é absolutamente "normal". Afinal de contas, seduzir e atacar uma "presa" é seu objetivo maior, e tal qual o escorpião da fábula ilustrada na introdução do livro, essa é a sua natureza!

A Dra. Ana Beatriz afirma que os psicopatas são “São vampiros humanos ou predadores sociais, engana-se quem pensa que encontrá-los por aí é algo raro e improvável, mas se assim dissesse , estaria agindo como um deles: mentindo, omitindo a verdade e impossibilitando alguém de se precaver contra suas maldades e perversidades.”.

Em geral os psicopatas afirmam, com palavras bem colocadas, que se importam muito com sua família (pai, mãe, irmãos, filhos), mas suas atitudes contradizem totalmente o seu discurso. Eles não hesitam em usar seus familiares e amigos para se livrarem de situações difíceis ou tirarem vantagens. Quando dizem que amam ou demonstram ciúmes, na realidade têm apenas um senso de posse como com qualquer objeto. Eles tratam as pessoas como "coisas" que, quando não servem mais, são descartadas da mesma forma que se faz com uma ferramenta usada.

Para a Dra Ana Beatriz: “A piedade e a generosidade das pessoas boas podem se transformar em uma folha dep apel em branco assinada nas mãos de um psicopata. Quando sentimos pena, estamos vulneráveis emocionalmente, e é essa a maior arma que os psicopatas podem usar contra nós!”.


Os psicopatas possuem uma visão narcisista e supervalorizada de seus valores e importância. Eles se vêem como o centro do universo e tudo deve girar em torno deles. 

Pensam e se descrevem como pessoas superiores aos outros, e essa superioridade é tão grande que lhes dá o direito de viverem de acordo com suas próprias regras. O egocentrismo e essa megalomania, muitas vezes, fazem com que eles sejam vistos como arrogantes e autoconfiantes, possuem mania de grandeza, fascínio pelo poder e pelo controle sobre os outros.

Para os psicopatas, matar, roubar, estuprar, fraudar etc. não é nada grave. Embora eles saibam que estão violando os direitos básicos dos outros, por escolha, reconhecem somente as suas próprias regras e leis. Além disso, são extremamente hábeis em culpar as outras pessoas por seus atos, eximindo-se de qualquer responsabilidade. Para eles, a culpa sempre é dos outros.

Os psicopatas mostram uma total e impressionante ausência de culpa sobre os efeitos devastadores que suas atitudes provocam nas outras pessoas. Os mais graves chegam a ser sinceros sobre esse assunto: dizem que não possuem sentimento de culpa, que não lamentam pelo sofrimento que eles causaram em outras pessoas e que não conseguem ver nenhuma razão para se preocuparem com isso.

Na cabeça dos psicopatas, o que está feito, está feito, e a culpa não passa de uma ilusão utilizada pelo sistema para controlar as pessoas. Diga-se de passagem, eles (os psicopatas) sabem utilizar a culpa contra as pessoas "do bem" e a favor deles com uma maestria impressionante.

São capazes de verbalizar remorso, mas apenas da boca pra fora, mas suas ações são capazes de contradizê-los rapidamente. Uma das primeiras coisas que os psicopatas aprendem é a importância da palavra remorso e como devem elaborar um bom discurso para demonstrar esse sentimento. Com essa habilidade de racionalizar (criar razões para) seus comportamentos, os psicopatas se isentam de responsabilidade em relação às suas atitudes. Inventam "desculpas elaboradas" capazes de mexer profundamente com os sentimentos nobres de pessoas de bom coração, as quais eventualmente podem vir a sentir pena dessas criaturas tão maquiavélicas.

A Dra. Ana Beatriz alerta:

O desrespeito, a frieza, a luxúria e a perversidade dos psicopatas estão ganhando espaço nas redes de tv e nos cinemas, arrebatando espectadores, críticos especializados e atores que buscam fama e reconhecimento profissional ao interpretarem personagens de "psiquismo tão complexo".

Se não tomarmos muito cuidado, acabaremos adotando a conduta psicopática como um estilo de vida eficiente para se alcançar a auto-satisfação ou então como um comportamento adaptativo de sobrevivência.

É hora de pararmos e realizarmos uma profunda reflexão coletiva e individual. Precisamos definir em que proporções, estamos contribuindo para a promoção de uma cultura psicopática. Temos que unir forças para efetuarmos um combate efetivo das ações psicopáticas em todas as suas manifestações.
Temos que ter consciência que a luta contra a psicopatia é a luta pelo que há de mais humano em cada um de nós. É a luta por um mundo mais ético e menos violento, repleto "de gente fina” elegante e sincera. (Dra. Ana Beatriz)

"A fantasia que acompanha e suscita a antecipação que precede o crime é sempre mais estimulante que a seqüela imediata do crime em si.” 

Assassinato não é somente um crime de luxuria e violência, mas sim possessão, as vítimas são parte de você…Você senta a última respiração deixando seus corpos. E você olha nos olhos. Uma pessoa nesta situação é Deus” ( Frases de Ted Bundy)




Theodore Robert Cowell, mais conhecido Ted Bundy, foi um cruel e temido assassino dos EUA durante a década de 1970. - Charmoso, comunicativo, de conversa e palavras convincentes, que lhe ajudavam a seduzir e eliminar mulheres em uma matança desenfreada. Foi levado a julgamento e condenado à pena de morte por eletrocução. O júri demorou apenas quinze minutos deliberando sobre o veredicto. Executado em 24 de janeiro de 1989, Bundy ainda foi alvo de uma ironia no dia de sua morte, pois foi uma mulher quem ligou a chave da cadeira elétrica que pôs fim à sua vida.



“Poucos vêem o que aparentas,
Poucos se dão conta de quem és tu”.
(Nicolau Maquiavel)
  

segunda-feira, 16 de setembro de 2013

“UM ADEUS À MARÍLIA”

                                           
DE UM LADO: A mãe de Marília e Luciana
DE OUTRO LADO: A mãe de Ana Flávia e Ana Júlia.


A noite de Sexta feira, dia 13 de setembro /2013, estava triste, no ar havia incompreensão do mundo e das ações do ser humano. Nesta data esta blogueira que aqui escreve saiu de sua casa às 23:00 horas para uma visita triste: prestar uma última homenagem para aquela moça agradável, gentil, educada - Marília Rodrigues Martins minha jovem professora de italiano, na escola de idiomas Casaréu.

Uma jovem que um dia me disse que gostaria de cursar Direito e que incentivei afirmando que era um excelente curso, ainda que o exercício da advocacia tivesse seus espinhos, contudo o Direito oferecia um leque de opções, em concursos públicos. E ainda que não desejasse exercer a advocacia ou a magistratura ou ainda abraçar o Ministério Público havia outras opções para a carreira jurídica. Disse-lhe que o estudo do Direito é apaixonante e no fim nos tornamos seus eternos namorados ou suas eternas namoradas. Na ocasião desta conversa brinquei com Marília dizendo que estudar Direito era perigoso para moças bonitas e solteiras, pois acabavam se envolvendo com os estudos jurídicos e depois não iriam querer se casar, pois já tinha um amor grande: "O Direito."

Marília naquele período foi convidada para ser a interprete de uma juíza italiana que veio ao Brasil para ministrar palestras no Congresso Internacional Jurídico em Uberlândia. Na ocasião participei do evento e Marília exerceu sua função de tradutora maravilhosamente bem.  Encontramos-nos no saguão do Center Convention Uberlândia e ela me perguntou o que eu achei da sua atuação como tradutora... Excelente, digna de parabéns, pois tudo que Marília fazia era com dedicação, com amor, com muita responsabilidade.

Posteriormente em uma das nossas conversas Marília disse que estava em dúvida se cursava Direito ou Turismo. Ela desejava fazer Direito, talvez por admirar o tio promotor público, sobre o qual Marília falava com respeito e admiração. Todavia o turismo era seu sonho de viajar, conhecer muitos países, pessoas de todos os lugares...as ilhas brancas e países roxos, amarelos, azuis que vemos nos mapas da escola...todos distantes, mas cada um com sua beleza.

Marília era prestativa e não precisava pedir ajuda, ela se oferecia para colaborar em tudo que estivesse ao seu alcance, e assim muitas vezes me ajudava em traduções de textos em italiano ou inglês. Nunca escondi minha admiração por aquela moça, pelo seu potencial, pela sua inteligência e principalmente pela beleza interior que trazia dentro de si. Era bonita por natureza. Marília possuía algo que poucas moças aos 23 anos de idade possuem: determinação, sonhos, objetivos cuidadosamente traçados, projetos de vida e muita responsabilidade.

Em pouquíssimo tempo ela conquistou a nós todos, não só como professora, mas também como pessoa. Marília não se despediu quando retornou para Itália, não disse tchau, apenas se foi, talvez porque não quisesse despedidas, havia estreitado amizades com os alunos e sabia do nosso carinho por ela.

Ela me deu o número do telefone da casa do pai, com quem estava morando e  disse que se eu precisasse falar com ela, podia ligar a qualquer hora. Telefonei assim que soube na escola que Marília iria retornar para a Itália. Queria  desejar-lhe boa sorte, sucesso, felicidade, mas ela já tinha partido. Conversei alguns minutos com o pai dela e senti que sua voz estava triste com a partida da filha. 

Marília estava de volta à Itália, país que ela gostava muito e não escondia de ninguém o quanto gostava, sua mãe também estava na Itália, certamente com muita saudade. Na última aula Marília me presenteou com um cd “Chico Buarque in italiano”. Todos os títulos das músicas estão lá escritas com sua caligrafia bem desenhada, até com a caligrafia Marília era cuidadosa - belíssima caligrafia.

Foi com a última imagem que guardei na memória de Marília que me dirigi para a Funerária Ângelo Cunha na noite de sexta feira. Sentia-me estranha, culpada por não ter motivado Marília a ficar em Uberlândia e me perguntava que grande futuro teria Marília em nossa cidade? Talvez ela tivesse cursado Direito e seria agora uma nobre representante do Ministério Público, como seu tio ou então uma juíza percorrendo com sua elegância e seus saltos altos os corredores do fórum.  Talvez Marília estivesse em Belo Horizonte responsável por uma promissora agência de turismo, já que ela cogitou cursar Turismo na Capital do Estado de Minas Gerais. 

É diante de  acontecimentos tristes que sempre nos questionamos o quê poderíamos ter feito para evitar que acontecesse – Somos humanos e não desejamos que as pessoas queridas sofram ou nos deixe e quando acontece uma fatalidade passamos a nos fazer muitas cobranças, pois temos um coração e uma alma.

Até a noite de 13 de setembro/2013 eu não conhecia a família de Marília, digo mãe e irmãos, quanto ao pai apenas por uma conversa via telefone. Conhecia o tio e sua esposa que foi minha colega no curso de Direito. E sobre esta tia Marília contou-me que foi sua professora no curso de inglês e como aqui em Uberlândia é costume toda criança, chamar as professores de tia, Marília chamava a professora de inglês de tia. Marília sorriu meio brincalhona ao contar que a tia- professora de inglês acabou sendo sua tia de verdade, pois casou-se com seu tio Fernando. 

Ao chegar ao velório foi justamente o tio Fernando que encontrei, depois sua esposa que fazia algum tempo que não eu via, mas naquele momento não havia nenhuma alegria no reencontro das duas colegas de faculdade. Todos os parentes estavam tristes e abatidos. Os amigos da família tentavam levar-lhes algum conforto - Conforto será é que é possível dar a alguém que perdeu um ente tão querido?

Natália, a mãe de Marília,  eu não conhecia, mas precisava dizer algo a ela, mas  o quê dizer? Se  eu nem  a conhecia. Fui até Natália que não se afastava nem um minuto do caixão da filha, como se quisesse protegê-la de todos os males do mundo. Apresentei-me e também minha filha, que naquela noite me acompanhava. Naquele momento não fui capaz de dizer nada porque as lágrimas não me permitiram. Desculpei-me e ao contrário, do que deveria ser: Natália é que me disse palavras de fé e de esperança e não eu a ela. – Que pessoa maravilhosa é Natália!

Natália disse-me que não tinha mais lágrimas para chorar, pois desde que recebera a noticia da morte da filha, não fazia nada mais além de chorar. Disse-me ainda que nenhuma mãe poderia imaginar a dimensão da dor que é perder uma filha. Que é uma dor tão grande que não tinha nem como contar. 

E que essa  dor se torna insuportável quando se perde a filha por um ato tão brutual, quando a vida arrebata cruelmente a filha da sua mãe. E no caso dela Natália a dor era dupla, pois não foi só uma vida que lhe foi subtraída, mas duas vidas: da filha e da neta que nasceria perto do natal.


Segurei com força a mão delicada da minha filha Ana Flávia, senti um terrível medo de perdê-la  e segurar sua mão foi instintivo  como se eu tivesse medo de alguém  tirá-la de mim,  como se eu estivesse protegendo-a de todos os perigos deste mundo cruel. Como se eu prendesse sua mão na minha ninguém iria fazer-lhe mal algum.

O simples pensamento de que eu poderia perder minha filha, de estar eu,  ali como Natália zelando pelo corpo da filha, passando os últimos momentos a seu lado, sabendo que não a veria mais. Aquele triste pensamento me fez perder o chão e senti uma dor indescritível no coração.  Compreendi o tamanho da dor e do sofrimento daquela mãe que  e viajou muito , cruzou dois  ou mais oceanos para trazer a filha de volta para casa. Aquela mãe que ignorava o cansaço, o fuso horário , a noite triste lá fora para ficar ali firme como uma rocha, passando as últimas horas que lhe estava sendo permitido ficar ao lado da filha já sem vida. Mesmo não  a conhecendo senti tanto carinho, tanto respeito por aquela mãe.

Natália não tinha ódio nos olhos, não tinha ganas de vingança, Natália tinha bondade, um coração triste e dolorido e uma fé inexplicável. Uma pequena e frágil mãe, com o coração humilde ao lado do caixão da filha, mas com uma luz dentro de si capaz de iluminar aquela grande e triste sala de luz tênue da funerária. 


Naquela triste noite conheci também a irmã de Marília, uma moça bonita, gentil e educada, que não reservou aquele momento somente para sua tristeza, ao contrário era atenciosa com todos e não guardava ódio em seus olhos, tristeza sim. Permaneceu lado a lado com a mãe, não se afastava, presente a cada segundo daquela despedida triste. Em nenhum momento não vi nem a irmã, nem a mãe e nem o pai demonstrar revolta ou ódio, apenas tristeza e dor. Vi naquela família seres humanos completos ligados tanto na dor, como na emoção, no sofrimento e na perda insuportável.

Fiquei sentada no salão, ali juntinho da minha filha e pensava comigo mesma: - Natália uma mãe de duas filhas assim como eu. Uma vai embora para sempre  e ela não poderá mais abraçar, conversar, brigar, dizer que ama e a outra Luciana será sempre seu apoio, sua força, sua esperança, seu bem maior, seu porto seguro. 

E eu também tenho duas filhas, uma aqui comigo bem juntinha, conversando baixinho - Ana Flávia que nos seus 19 anos, nunca tinha estado em um velório e só conseguia me dizer: como tudo isto é triste, o que eu digo, o que faço, não conheço ninguém. 

Minha filha você conhece sua mãe, fica aqui pertinho de mim, segura na minha mão, nunca me deixe, promete, que nunca vai me deixar sozinha, que não vai embora levando minha alegria, deixando lágrimas e dor. Promete Fazinha, que ainda vamos brigar muito!

Meu pensamento voou para minha outra filha - Ana Júlia que esta lá em casa dormindo, sim está eu não a perdi, não posso perdê-la nunca. Amanhã quando ela acordar terá que prometer que nunca vai me deixar. A Jú tem que me prometer que nunca vai embora, que não vai me deixar sem ela! 

Meu Deus como é grande e inexplicável o amor de uma mãe para com seus filhos. O amor de Natália por Marília vai resistir a morte e ao tempo, da memória nunca será apagado.

Compreendi naquele momento que eu estava sofrendo, pelo simples pensamento que eu talvez  pudesse perder minhas filhas. Senti um terrível medo de perder minhas filhas. Aqueles pensamentos tristes me fizeram compreender  o quão grande era o sofrimento de Natália. Senti uma vontade imensa de dizer-lhe que sua dor era também minha, que seu sofrimento era também meu, mas não tive coragem e fiquei lá sentada segurando forte a mão da minha filha.

Passada as horas ali sentada, minha filha me chamou para ir embora, na saída encontrei o pai de Marília que me perguntou se eu havia conseguido aprender italiano e brincou dizendo que a filha nos chamava de meus aluninhos. 

Curioso é que eramos todos adultos, mas carinhosamente eramos mesmo seus aluninhos. Aprendi sim, pai , disse eu, pois minha professora de italiano era a melhor, a mais linda, a mais gentil e nós aluninhos, tínhamos muito carinho e admiração pela nossa jovem professora. O pai deu um sorriso tímido, talvez pensando que Marília, pelo pouco tempo que passou pelas nossas vidas escreveu uma bonita página na história de sua vida. Talvez o sorriso de um pai orgulhoso da filha que se foi, porém que em seu pouco tempo  daqui deixou uma construção de incontestáveis valores.

Quando liguei o carro para voltar para casa, já de madrugada, imediatamente o som automático do carro ligou e o CD de música italiana começou a tocar:

Che cos'è? - C'è nell'aria qualcosa di freddo
Che inverno non è - Che cos'è?
Questa sera i bambini per strada non giocano più.
Ora so - Che cos'è questo amaro sapore
Che resta di te, quando tu:
Sei lontana e non so dove sei, Cosa fai, dove vai...  

(Fragmentos retirada da canção de Sergio Endrico  - Lontano dagli occhi)

Parecia que a canção que me  passar um triste adeus de Marília... uma mensagem de despedida.

ADDIO MARÍLIA... Voe com seu filho, o qual não lhe foi permitido trazer à luz...  Voe para um mundo novo, mais fraterno, mais puro, talvez cristão - Um mundo Marília onde a mulher não seja marginalizada: por ser mulher, nesta sociedade machista. 

Mulher diante da qual quem lhe roubou a vida deveria ter se ajoelhado, em uma homenagem à Maternidade. Vá Marília santificada pelo feto que leva dentro de si, amada por um Nazareno que certa vez passou por este mundo.

Adeus Marília vá sentar-se no seu trono e em versos imortais o poeta te retratará recitando:

"Que belezas, Marília, floresceram,
De quem nem sequer temos a memória!
Só podem conservar um nome eterno 
Os versos, ou a história....
É melhor, minha Bela, ser lembrada,
Por quantos hão de vir, sábios humanos,
Que ter urcos, ter coches, e tesouros,
Que morrem com os anos.
Voa sobre os Astros, voa,
Traze-me as tintas do Céu.”

(Tomás Antônio Gonzaga - jurista, poeta e ativista político luso-brasileiro)
***Os fragmentos dos versos acima foram retirados da sua obra lírica "Marília de Dirceu".





Tânia a mãe da Ana Flávia e da Ana Júlia deixa aqui estas palavras
 para Natália - mãe de Marília e Luciana.


                                            Tânia Ávila – Uberlândia - MG